Produzir uma HQ é mais intimista...no meu caso, que trabalhei sozinho no roteiro e na arte, foi uma relação bem próxima com a pesquisa, com as referências fotográficas da II Guerra Mundial que eu tinha em mãos e com os desenhos ao longo do caminho...
Escolhi dar um acabamento final que deixasse tudo bem escuro, pesado...grosseiro...que combinou com meu traço sujo e mais solto...bem diferente do tempo que eu desenhava cartum (pra mim, tempo de repressão artística por precisar fazer por obrigação pra pagar as contas que eram bem maiores do que as eu tenho hoje)...aí, agora mais livre, a arte-final na passagem pelo computador deixou apenas a textura mais uniforme, pra compor um clareamento ao longo da história...e eu gostei do resultado.
Ao final de 3 anos...168 páginas estão desenhadas aqui na gaveta...o álbum final ficou com 136...muitas eu não gostei de fazer...muitas não tiveram o resultado esperado...enfim...
O estilo que escolhi, deixando a arte mais realista, 'uma mescla de livro ilustrado com histórias em quadrinhos'(definição esta dada por especialistas em HQ), e o texto que remete a reflexões sobre as atrocidades da guerra sem "levantar bandeiras", ou apontar heróis e vilões do maniqueísmo tão comum na literatura, no cinema e até mesmo nos quadrinhos de guerra... acredito que foram o diferencial que despertou o interesse de uma editora como a Conrad em publicar o meu trabalho...
Imagino que se tivesse feito uma HQ dentro dos padrões, dificilmente conseguiria ter encontrado espaço no mercado cada vez mais engolido pelos "american comics" e pelos "mangás"...aí voltaria pro limbo de uns anos atrás, em que passei quase uma década sem desenhar, cansado da correria do 'trabalho descartável' da publicidade e de fazer cartuns e desenhos de humor...e sem dúvida, depois de ler o "GUERRA 1939-1945"...sorrir será a última coisa que passará pela sua cabeça...
Julius
Desenhando pra molecada em um curso de arte em parede em 2008.
Como são feitos os desenhos...
Primeiro uma boa olhada na
fotografia de referência... depois é começar
os esboços no "bom e velho" papel em branco...
fotografia de referência... depois é começar
os esboços no "bom e velho" papel em branco...
A finalização no computar limpa o traço e permite a ulização de uma infinidade de texturas, deixando a arte com um acabamento mais uniforme...
Algumas das muitas fotos de referência e desenhos inacabados...
Os B-24 em vôo.
Blitzkrieg alemã em 1939.
O piloto japonês virou personagem, e fiz questão de retratar as experiências de inanição e o crematório a céu aberto dos campos de concentração.
A "foice e o martelo" em destaque...
Aeromodelos são bem úteis como referência, e para os colecionadores as lojas de São Paulo e Curitiba estão abarrotadas de modelos para todos os gostos.
A foto da qual fiz esse desenho (logo abaixo) é impressionante. Se não fosse apelativa, por conta das milhares de histórias sobre o holocausto...eu gostaria de tê-la na capa.
A quarta cabeça é a minha (da esq para a dir)...Robert DeNiro, em Taxi Driver, também está aí. Pelo menos um amigo disse que parecia...
Normandia.
Hitler apareceu em várias páginas que foram cortadas.
Minha paixão de infância, Jeep anos 40...desenhado em um guardanapo de papel.
Mais uma imagem cortada. Tripulação que bombardeou Nagazaki.
A capa.
Todas as fotografias utilizadas para fazer este post e usadas como referência para os desenhos do álbum são de domínio público e abertas pelas Nações Unidas/UNESCO para utilização na divulgação das atrocidades da guerra.
"Nunca se esqueçam da GUERRA...
porque quem esquece, faz de novo!"
Julius Ckvalheiyro
Twitter: @juckvalheiyro
Na prateleira...
Um oficial alemão na Escandinávia ocupada,
Um piloto de combate apaixonado pelos aviões inimigos,
Um menino Kamikaze...
Um russo acuado em sua cidade sitiada,
Um francês clandestino em meio aos Aliados,
A espera cruel da morte nos campos de concentração...
A bomba atômica...
Combatentes anônimos, confortáveis ou não com a guerra, lutando não por uma causa, na defesa de ideologias distorcidas por bombas e metralhadoras, mas lutando em vão por suas vidas, engolidos pela guerra, em anos amargos de nossa história recente...
Formato / Composição:
ISBN: 978-85-7616-467-8
Formato: 21 x 27 cm
Código: RQ16467
Páginas: 136
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"Não são histórias de guerra, são poesias gráficas sobre o ser humano, seus valores, sua beleza e o tamanho de sua crueldade.
Ckvalheiyro conseguiu com isso produzir um gibi belíssimo sobre a maior tragédia da história da humanidade, de forma séria, didática e – principalmente – estética e artisticamente impecável."
(Lillo Parra - Quadro a Quadro)
"Seu domínio de enquadramento e de composição de sombreamento é magnífico. Sua arte desafia o clichês, sobretudo, o clichê cinematográfico. Pois ela oferece uma composição visual emancipada do padrão de narrativa típico de nossa visão sobre a II Guerra. Visão que a apresentada como a sucessão de duas fases: (1) uma escalada de "dominação maléfica" (nazistas) que foi vencida (2) por uma altruísta "superação heróica" (aliados). Sua seqüência não reporta o leitor para um filme de ação e não polariza a narrativa em tons maniqueístas. O alto contraste e a predominância universal de sombras mandam um recado claro: independentemete da reputação de "mocinhos" e "vilões", todos os envolvidos estavam mergulhados numa época trágica, numa mesma experiência de esgotamento de um modelo de sociedade. Era dramático para todo mundo, em todos os lados das fronteiras. A arte recupera o que foi a experiência da guerra para os próprios contemporâneos: os alemães não eram conquistadores impassíveis e arrogantes, os norte-americanos não eram paladinos descolados da liberdade lutando pela paz mundial. Não. Todos eram cúmplices da mesma era trágica. Basta ler a literatura do período - tanto do Eixo, como dos aliados - para perceber este sentido que vc restaura. E isso não se vê por aí, especialmente em material de circulação comercial. Sendo franco, a arte é brilhante. Vc tem um material de primeira nas mãos."
Leandro Rust
Doutor em História UFF
Universidade Federal do Mato Grosso
Programa de Pós-Graduação em História
"A HQ 'GUERRA 1939-1945' de Julius parece incorporar essa sensação
de caos, com desenhos mais ou menos impressionistas, que não oferecem uma
apreensão imediata do que acontece no quadro. É preciso investigar a página em
busca de sentido, se afastar do desenho para perceber nuances, um tipo de
exercício para o olhar, recompensado com uma representação forte do sufoco da
guerra."
(Hugo Viana - Folha de Pernambuco)
"Com "GUERRA 1939-1945", Julius conseguiu atingir e atingir muito bem seu objetivo: um álbum excelente que reúne a perspectiva das histórias em quadrinhos com um detalhado e ilustrativo mapeamento histórico do período da Segunda Grande Guerra e segue nessa toada: historiar, através de uma sequência de histórias que acompanham cada ano dessa tragédia humana, sob diferentes perspectivas através de uma narrativa crua, direta e sem rodeios, permitem realmente viajar (no melhor dos sentidos) ao que esá sendo retratado em preto-e-branco, particularmente outro mérito do autor e da Conrad, editora que publicou o Álbum."
Ben Hazrael
Historiador, Politólogo e escritor de FC
Cabaré das Idéias
"Tive a oportunidade de olhar sem pressa a obra (quase sempre lacrada em bancas) e o que vi me deixou muito orgulhoso: a HQ possui um visual similar ao de Sin City (talvez melhor) e as cenas retratam com fidelidade – baseadas em fotos – alguns acontecimentos do conflito. Imperdível…"
Franz Lima - Leitor
"Comprei a HQ Guerra 1939-1945 e como professor de História eu me sinto orgulhoso por adquirir uma obra tão espetacular. Sua contextualização da guerra é melhor que a dos livros didáticos. Será uma honra utilizá-la em sala de aula."
Vinicius Araujo de Oliveira - Professor de História
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